sexta-feira, 1 de junho de 2012

"O Espetacular Homem-Aranha": Produtores explicam o rebot

Durante a primeira edição da KingCon Rio, no dia 25 de fevereiro, o site Omelete entrevistou os produtores de O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man), Avi Arad e Matt Tolmach. Arad é produtor da Marvel Studios, tendo assinado a primeira trilogia do Homem-Aranha, além dos filmes dos X-Men, Elektra, O Quarteto Fantástico, Homem de Ferro e outros.



Nesta entrevista, divulgada só agora, os produtores falam sobre a importância do herói em suas vidas e o que eles estão trazendo de novo para esta versão do filme.

Confira:

Devemos começar do início. Qual é a importância do Homem-Aranha nas suas vidas?

Avi Arad: Para mim... Peter Parker é meio como eu era, em vários sentidos. Nós temos uma formação e problemas parecidos. Infelizmente eu não tenho seus poderes.

Matt Tomalch: Você é bem poderoso na verdade.

AA: Eu vivo a história de Peter Parker e do Homem-Aranha desde sempre. Para mim é o maior exemplo no universo dos super-heróis e ainda mais no universo dos heróis. Então, para nós é um personagem muito importante para continuar desenvolvendo e trazendo novas encarnações sobre o que todos os Peter Parkers do mundo defendem.

MT: Acho que é por isso que Peter Parker e o Homem-Aranha são personagens tão atemporais. Como o Avi disse, é uma coisa muito pessoal. Eu me identifico com esse menino que se sente um estranho. Eu cresci com meus pais separados, todos temos nossas circunstâncias e lutamos para tentar entender quem somos. Sabe? Como se encaixar e o que espera por você. É uma coisa muito pessoal para mim. Eu tenho um filho, um menino pequeno que ama o Homem-Aranha. O que ele representa e a noção de ser alguém que sabe o que é certo no coração. Ele tenta entender onde se encaixar e o que fazer com todo o poder que ganha. Essa é a questão mais universal. E você pergunta o que significa para mim. Eu estou envolvido nos filmes do Homem-Aranha com o Avi há mais de uma década. Profissionalmente, é a coisa mais recompensadora que eu já participei. Isso não acontece em outros filmes. Quer dizer, acontece em outros filmes do Avi mas para a maioria de nós não acontece. O alcance do Homem-Aranha e o impacto que o personagem tem no mundo é muito profundo e isso é, francamente, um grande responsabilidade.

As pessoas estão perguntando porque vocês decidiram fazer um reboot da franquia apenas 10 anos depois do filme de Sam Raimi de 2002? E o que vocês estão trazendo de novo para esse recomeço da franquia do Homem-Aranha?

AA: Não foi um problema de tempo. Não pensamos que faz dez anos, então era hora de fazer outro. Como muitos de vocês sabem, principalmente este público aqui, nós estávamos trabalhando no que chamávamos de "Homem-Aranha 4". E seria com o mesmo time. O problema era que não tínhamos uma história forte o suficiente que garantisse outro filme. O Sam Raimi, que é o Homem-Aranha em vários sentidos em sua persona, percebeu que a gente não tinha um bom motivo para fazer outro filme. Entre ele, o Tobey e obviamente o estúdio, todos nós não nos sentimos bem com a próxima história porque a trilogia era a origem, a negação e a aceitação de quem ele era. Então nós, especificamente o Sam, sentimos que já tínhamos contado a história. Foi uma escolha difícil porque estávamos juntos há dez anos. A gente já sabia que era hora de... Quando você fala do Homem-Aranha, que vem desde 1962 com os quadrinhos e primeiras animações de TV e videogames, quadrinhos sempre contam uma história. E há várias histórias sobre ele. Então, para nós... nós realmente começamos a pensar neste filme quando estávamos trabalhando no 4º, na verdade. A gente sabia que algo viria a seguir, a gente tinha algo novo muito único para a história.

MT: Eu quero acrescentar uma coisa a isso. O que o Avi disse está certo. Nós começamos a pensar nesse filme enquanto tentávamos desesperadamente encontrar outra história para fazer com o mesmo time, com o Sam e o Tobey. Mas eu acho que tudo acontece por um motivo na vida. O motivo de já estarmos brincando com isso é que eu acredito que algo fundamental no Homem-Aranha, e que você sente aqui, é um filme e quadrinhos sobre um garoto tentando virar homem. É sobre esta metáfora, esta parte da vida, sabe? Onde nós estamos lutando com quem somos e o que significa ter poder e responsabilidades, mas ao mesmo tempo você só quer ser uma criança. Acho que conforme sua vida passa e você fica mais velho essa história fica mais cinza. Não é tão poderoso. Não há nada mais potente do que essa época na vida onde tem essa primeira garota que você ama, seu coração fica quebrado, você tem dor de barriga todo dia quando chega em casa... Esse tipo de coisa acontece com o Homem-Aranha e o Peter Parker. Acho que mesmo sem saber a gente sabia que queríamos voltar a contar essa história.

AA: A gente também tinha uma oportunidade única. As crianças, basicamente todas elas, suas personalidades, problemas, ansiedades, suas tristezas, tudo acontece nos primeiros 7, 8 anos de vida. E aqui temos a oportunidade de realmente explicar que o Peter não é apenas órfão, mas ele sofre pela pior coisa que pode acontecer: não saber o que aconteceu. Não saber o suficiente sobre quem eles era. Hoje, na era da informação, ele devia conseguir pesquisar o nome deles no Google. Mas ele não sabe de nada. Provavelmente foi isso que criou a primeira fase de se tornar Peter Parker. Um filho único crescendo com o tio e a tia e todo mundo evitando o problema maior: O que aconteceu? Eles eram bons ou ruins? Você vai à escola e a professora pergunta: "Peter, o que seu pai faz?". "Eu não tenho pai". "O que aconteceu?" "Não sei". Isso realmente desperta o interesse das crianças ao redor do mundo. Peter Parker é quase nossa imagem no espelho de todos nós. Há muitas crianças que ficam órfãs muito novas, têm pais divorciados ou são adotadas. E você pergunta o que em de novo no nosso Peter. Nosso Peter não é traumatizado, não é triste. Na verdade, ele é um garoto forte e saudável. Mas ele é cheio de perguntas. Ele deseja ser algo maior que isso. Quando você o ver na nova versão, o que é realmente poderoso é que ele optou por ser um estranho. Ele é este garoto que tem outros interesses. Ninguém estaria aqui se não fosse um pouco estranho. Isso faz parte do mundo geek, que nos mantém unidos.

MT: É um senso de... Ainda sobre o personagem... Como o Avi disse, ele é um estranho mas também é alguém que... Quando o filme começa, ele já é um herói no coração. Obviamente ele ganha poder no filme, mas não ganha o poder do heroísmo ou do desejo de fazer a coisa certa. Ou de lutar contra valentões. Ele já vem com isso dentro dele. O que ele ganha é poder ao longo do caminho, que torna sua vida... O que é uma dádiva, mas também uma complicação. Mas eu queria acrescentar outra coisa, que vocês viram no vídeo. Tem essa coisa que começou com os quadrinhos e que foi muito proeminente para o personagem Peter Parker: ele não tinha seus pais por perto. Eles foram embora. E como o Avi disse, o impacto disso é enorme. E a gente não tinha lidado com isso de forma tão prática ou emocional do jeito que o Marc disse que queria fazer. Isso se torna uma questão definitiva para o personagem. É o que aconteceria em um contexto real.

AA: E então temos Gwen Stacy, que não é só bonita, mas muito inteligente. Ela é igual intelectualmente, e isso é um sinal do nosso tempo. Em 1962, nos quadrinhos, a garota não devia ser tão inteligente. Ela tinha que ser bonita. E esses dias estão muito para trás. Então temos uma personagem muito forte e a história da Gwen sempre foi muito única por causa de seu pai que era chefe da polícia. Todas essas metáfora ficam reais. Sabe, ele tem a máscara e o pai um distintivo. Uma garota que entende o que é ser filha de um herói. Um policial, um bombeiro. Quais são os riscos de se apaixonar por alguém assim. Como isso impacta a vida dela e de seu pai. Nós pudemos fazer uma mistura de emoções então nós temos, de certa maneira, um novo Peter Parker, uma nova garota, temos uma abordagem muito realista do filme... Todos conhecem "500 Dias com Ela". O que fez o filme tão proeminente foi o quão real eram os relacionamentos. Não era um conto de fadas. É como é. É ruim para nós homens, mas é assim que a vida é às vezes. Aí temos nova tecnologia. E realmente tentamos ter muita ação física. O Andrew não é somente um ator brilhante mas ele é um esportista. Isso nos deu a oportunidade de tentar fazer coisas com ele que se não fosse assim teria sido quase impossível.

MT: Sabe, o mundo deste filme é real. É o mundo em que vivemos. Então uma das coisas que o Marc queria fazer e que fizemos no filme não era só forçar os limites do que era possível com efeitos visuais e tecnologia, e sentimos que estamos fazendo isso com certeza, fazendo o filme em stereo, mas fazendo o mais prático possível. Assim você tem o melhor dos dois mundos. Mas acho que todos já vimos filmes o suficiente em que os efeitos visuais podem ser espetaculares mas acho que às vezes o seu olho sabe intuitivamente quando algo não é real. Então o que tentamos capturar, extrair do Andrew e desse time incrível de dublês com quem ele trabalhou para fazermos coisas nunca vistas antes. O filme é uma combinação dos dois. Por causa disso e da força emocional do personagem, você sente que ele está fazendo tudo. Ele cai do jeito que alguém cai. As partes físicas passam a sensação de realidade. Isso era algo importante para nós e passamos um tempo nisso.

AA: Outra coisa é que temos um novo vilão. A gente já tinha se encontrado com o Connors antes mas agora nos concentramos em quem é o Connors, o que ele significa para o Peter. Na tradição Marvel, os vilões são conectados emocionalmente, têm alguma história ou influência direta no Peter. Isso deixa o material muito rico. Você olha o Peter, ele sente falta dos pais, o Connors não tem um braço. Por um lado, emocionalmente, é um problema muito parecido. É um conto de advertência. Sempre tem isso nos melhores vilões. Acho que o que é mais único neste filme é que tudo no filme acontece do ponto de vista do Peter. Algo acontece, ele descobre uma pista, ele quer seguir a pista porque ele quer saber quem é. Com essa pista, sem querer dar muita informação, o que eu acho que vocês vão gostar mais no filme é a revelação, o descobrimento que será feito junto com ele. Às vezes você vai sentir que ele não deve fazer isso, mas o seres humanos fazem. Eles querem saber. Hoje nós ouvimos falar que no Rio ou em São Paulo tem um Peter Parker que luta contra os valentões ou quem bate nos sem-teto, é um garoto... Vocês ouviram falar dessa história? Foi 2 dias atrás.

MT: Aparentemente o menino está no hospital... Vocês sabem dessa história? É exatamente isso que... É isso que o Peter faria. Esse é o tipo de coisa que o Peter não aprova. Sabe, ele diria não a isso.

AA: Ele diria não a isso. Nós também fomos levados a... Normalmente, nos filmes do Homem-Aranha, nós tentamos atingir fenômenos sociais. Isso porque o Peter, diferentemente de outros filmes de super-herói, é um filme de herói. Ele é muito... Não queremos ser clichê, mas ele passou pela vida como nós. Nós lidamos com bullying de uma forma muito diferente, o que provavelmente é um dos piores problemas socias com jovens, com os pais e na internet. Então, a gente luta contra isso e o que é importante nesta luta é que mostramos que o Peter, por dentro, é forte e bom. E na verdade... para um cara bom, ele comete um erro. E, de novo sem falar muito sobre isso... Mas, respondendo a pergunta do que é novo, quase tudo.

MT: É, muita coisa.

AA: Menos uma coisa: quem é Peter Parker...

MT: A essência do personagem.

AA: A essência do personagem é a mesma.

MT: É fiel ao que sempre foi.

No elenco estão Andrew Garfield (Peter Parker), Emma Stone(Gwen Stacy), Rhys Ifans (Curt Connors), Sally Field (Tia May), Martin Sheen (Tio Ben), Denis Leary (George Stacy), Campbell Scott (pai de Peter), Julianne Nicholson (mãe de Peter), Irrfan Khan (o vilão Van Atten), entre outros.

O longa, dirigido em 3-D por Marc Webb, estreia em 6 de julho de 2012.

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