Em novembro do ano passado, a Warner Bros. havia soltado um comunicado oficial confirmando que a adaptação para as telas do Capitão Marvel (da DC Comics) continuava de pé (originalmente o projeto estava sediado na New Line Cinema, que foi incorporada pela WB no ano passado), com Peter Segal (Agente 86) como diretor. Agora vêm as más notícias.
Em seu blog, totalmente franco, o roteirista John August (A Fantástica Fábrica de Chocolate, Peixe Grande, A Noiva-Cadáver) agora diz, basicamente, que o filme dificilmente acontecerá. Pelo menos na forma como August o escreveu.
"Eu descreveria o roteiro que eu escrevi para a New Line em 2007 como uma comédia com muita ação. Um Quero ser Grande com poderes, já que o Capitão Marvel é um garoto por dentro, Billy Batson. O filme falava do aprendizado dos poderes e de Billy descobrindo o que aconteceu com seus pais. O lance é que Billy era fã de quadrinhos. E o vilão Adão Negro era uma espécie de Voldemort, uma força oculta para ser desafiada no final. Eu estava feliz e entreguei o roteiro", repassa August.
Salta alguns meses: após a greve dos roteiristas, o filme vai para a WB. "Os novos executivos concordavam com as anotações feitas pelos caras da New Line, basicamente coisa sobre cenas de ação e como não deixar que Adão Negro ficasse simpático demais, e me autorizaram a incluir essas mudanças na nova versão do roteiro. Quando a entreguei, o estúdio achou que o filme estava infantil demais. Eles queriam mais radical, queriam Billy mais velho e queriam que o Adão Negro aparecesse mais cedo. Eu respondi que ele aparece já na página 1, mas não obtive resposta."
"Em retrospecto, posso apontar dois filmes que definiram a questão: Speed Racer e Batman - O Cavaleiro das Trevas. O primeiro foi um fracasso e o segundo triunfou. Tomando só esses dois exemplos, dá pra entender muito bem por que um estúdio preferiria ter um filme [de Shazam] mais parecido com Batman. Mas essa equação não considera que Homem de Ferro foi um sucesso contando uma história de origem essencialmente cômica. (...) Eu deveria, sob contrato, entregar mais uma versão do roteiro. Fiz o que pediram: um filme mais pesado, com mais Adão Negro. Já não era o 'Quero ser Grande' com poderes, mas um filme de duelo entre Adão Negro e Capitão Marvel. Não era a comédia de ação que imaginei, mas eu conseguia enxergar essa nova versão tomando vida. Entreguei. Os produtores e o diretor gostaram", continua.
"Essa versão chegou ao estúdio enquanto eu estive na França [em novembro passado]. Quando eu voltei, o projeto estava morto. Por 'morto' eu quero dizer que o projeto não está mais no radar do estúdio. Pode até voltar com outra forma, com outro roteirista, mas posso dizer hoje com considerável certeza que não será a versão que desenvolvi. Obviamente, só posso dividir minha interpretação dos fatos. Aconteceram dúzias de reuniões das quais não participei. Como leitor, você pode considerar a possibilidade de que eu só escrevo porcaria. Mas a Warner detém o copyright do roteiro, então não posso publicá-lo em lugar nenhum. Então você vai ter que decidir se confia no que eu digo."
Mas John August também frisa que teve experiências boas com o estúdio, particuparmente nos filmes de Tim Burton, e que seu próximo roteiro também está na Warner. "Estou frustrado com a forma como eles lidaram com este projeto, mas não tenho rancor. Quando eles têm um filme que escolhem apoiar, são os melhores do mercado. (...) Então vou sentir falta do Shazam e do filme que poderia ter sido, mas não me sentirei mal se este for o último post que escrevo sobre o assunto", finaliza, dramático.
Como ele mesmo diz, há meandros do projeto que ele desconhece, e nada impede Segal de rodar o texto de August como está. Claro que, ao tornar pública a sua versão, o roteirista quer angariar defensores do seu ponto de vista. E a discussão está longe de acabar...
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